
A gestora de impacto Positive Ventures concluiu a primeira rodada de captação de seu segundo fundo, o Decisive Investments Fund II, de R$ 150 milhões. O novo fundo é quase três vezes maior do que o primeiro, lançado há pouco mais de dois anos, com a tese de impacto se mostrando mais resiliente neste momento desafiador para a indústria do venture capital.
O fechamento da primeira chamada, de R$ 75 milhões, atraiu 70% da base atual de investidores do fundo 1 e outros veículos da gestora e que inclui nomes como Teresa e Candido Bracher, Luis Stuhlberger, Fabio Barbosa, Marcelo Barbará e família Seibel.
— A crise global não interfere tanto na tomada de decisão para esse perfil de investidor, que têm um compromisso ético e moral com causas sócio-ambientais e portanto uma visão de mais longo prazo — diz Andrea Oliveira, que fundou a Positive Ventures com Fabio Kestenbaum, Bruna Constantino e Murilo Menezes.
A expectativa é concluir a captação do até o fim do ano, atraindo também fundadores de startups, que poderão participar com cotas menores. — A ideia é ter esses fundadores por perto, podendo ajudar também como mentores — diz Bruna.
Eleita recentemente uma dos 50 melhores gestoras de impacto do mundo pela Impact Assets, a Positive Ventures testou sua tese de investimento com retorno social e financeiro com um primeiro fundo de R$ 55 milhões, lançado em 2019 — e que exibe uma valorização (teórica) anual de 25% ao ano em dólar. O fundo já está todo alocado em 9 investidas.
No portfólio da Positive estão startups como Eureciclo (que fomenta a cadeia de reciclagem com a emissão de créditos de reciclagem), Letrus (edutech que usa inteligência artificial para melhorar a escrita e a compreensão de texto de estudantes), Labi Exames (que oferece exames a preços populares e atraiu a Raia Drogasil), a Provi (fintech de crédito estudantil) e Worc (espécie de Linkedin popular, que promove o networking profissional de quem não tem ensino superior).
Mirando startups em estágio inicial (pré-semente) até série A, a Positive tem participado de rodadas com grandes fundos como Softbank, Tiger, Monashees e Kaszek, funcionando como uma espécie de chancela ESG da rodada.
As investidas da Positive têm seu impacto mensurado pelos critérios IRIS+, da Global Impact Investing Network (GIIN). A gestora também tem buscado atrair validações externas adicionais, como do J-PAL, laboratório do MIT fundado pela economista vencedora do prêmio Nobel Esther Duflo, que avaliou o impacto da Letrus no letramento de estudantes de escola pública do Espírito Santo.
O fundo 2 vai mirar um portfólio de 20 investidas e terá 50% de seu capital voltado para acompanhar rodadas subsequentes. A governança será aprimorada com a nomeação de dois membros externos para o comitê de investimentos: Leila Orenstein, do fundo Gera, e Thiago Carvalho Pinto, da Eureciclo.